Prejuízos causados por chuva e estiagem saltam em pouco mais de uma década
15 maio 2025
Estudo examinou decretos municipais de emergência ou estado de calamidade entre 2013 e 2024. Dados reforçam importância dos planos de adaptação
15 maio 2025

Em pouco mais de uma década, os prejuízos causados por desastres no Brasil aumentaram cerca de 850%, de acordo com um novo estudo da CNM (Confederação Nacional de Municípios) que examinou decretos municipais de emergência ou estado de calamidade. De R$ 8,5 bilhões em 2013, as perdas saltaram para R$ 732,2 bilhões, em 2024.
Intitulado “Panorama dos Desastres no Brasil – 2013 a 2024”, o levantamento evidencia que a maior parte desses desastres está relacionada a eventos climáticos. Estiagem e chuvas lideram com folga uma lista que também inclui doenças infecciosas e incêndios florestais.
Nesse período, foram 70.361 decretos de emergência ou estado de calamidade, apresentados por 5.279 Municípios (o que dá 95% do total do país, que é 5.570), o que representa uma média de 13 ocorrências por prefeitura.
Os setores mais atingidos financeiramente são, em ordem decrescente, agricultura e pecuária, instalações públicas de saúde, abastecimento de água potável, habitação e obras de infraestrutura.
A seca é o acontecimento mais recorrente, segundo o levantamento, totalizando 27,9 mil registros entre 2013 e 2024. Em seguida, vem o excesso de chuvas, com 20,4 mil decretos computados. Juntos, os dois fenômenos são responsáveis por 68,9% dos 70.361 decretos dos últimos 12 anos, o equivalente a 48,4 mil pedidos de apoio ao governo federal.
Preparação para a nova realidade
Os números do estudo do CNM corroboram diversos outros levantamentos que falam do aumento de eventos climáticos extremos no mundo e no Brasil em tempos recentes.
No fim de 2024, por exemplo, uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) constatou um aumento de 250% nos desastres climáticos no país entre 2020 e 2023.
Para o IAS, essa realidade tão evidente na vida real e nos estudos demanda que as autoridades brasileiras assimilem de uma vez por todas a importância de medidas de adaptação e ajam com celeridade para implementá-las.
Em 2017, o governo do Rio Grande do Sul concluiu um Plano de Prevenção de Desastres, mas ele nunca chegou a sair do papel. A cidade de São Paulo lançou seu Plano de Ação Climática em 2020, mas até agora não o colocou em prática. Manaus, que passou por estiagens severas em 2023 e 2024, apenas agora se debruça sobre a preparação de um plano para o clima.
Na publicação “Adaptação e Saneamento – Por um setor resiliente às mudanças climáticas”, o IAS explica que soluções baseadas em ecossistemas e em estruturas “vêm sendo desenvolvidas em todo o mundo e podem reduzir os custos de adaptação e contribuir para o controle de inundações, saneamento, gestão de recursos hídricos, prevenção de deslizamentos de terra e proteção costeira”.
Segundo o documento do Instituto, pelo menos 170 países e muitas cidades já incluíram a adaptação em suas políticas e processos de planejamento climático. Há no entanto um abismo entre as cidades de países mais ricos e aqueles de baixa renda.
“Cerca de 80% das cidades europeias com mais de 500 mil habitantes possuem planos de mitigação e/ou adaptação. Uma pesquisa de cidades com mais de um milhão de habitantes, no entanto, mostrou que 92% das cidades asiáticas, 89% das africanas e 87% das latino-americanas não relataram iniciativas de adaptação”, afirma a publicação
Qualquer plano de adaptação precisa olhar com atenção para o saneamento e suas estruturas. A história recente nos mostra que, em situações de eventos extremos, falta água potável, o esgoto transborda, o lixo se acumula e os sistemas de drenagem não dão conta ou deixam de funcionar em determinados pontos.
O IAS age para que o saneamento básico seja incluído como componente chave nas discussões e planejamento sobre adaptação climática no país, contribuindo para uma visão mais abrangente do problema.
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