A periferia no centro do debate sobre saneamento

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Jornalistas de coletivos de comunicação periféricos relatam os desafios de cobrir saneamento em seus territórios e falam sobre a luta por direitos em periferias e favelas

Mais de 17 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil, o que representa 8% de toda a população. O dado da pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela e a Central Única das Favelas (Cufa) deixa claro a importância de debater políticas públicas para e com a participação dessas comunidades. Discutir problemas locais com foco em soluções, ouvir os moradores, resgatar as histórias de luta por direitos e desestigmatizar esses territórios são missões que os coletivos de comunicação periféricos abraçam e realizam com maestria.

Para conhecer melhor essas iniciativas fundamentais no enfrentamento a violações de direitos e garantia de representatividade, o Instituto Água e Saneamento (IAS) organizou uma roda de conversa com coletivos de jornalistas periféricos no dia 22 de novembro, durante a programação do Dia Mundial do Banheiro 2021. Participaram do encontro Aline Rodrigues, cofundadora da produtora de jornalismo de quebrada Periferia em Movimento; Ronaldo Matos, cofundador do coletivo de comunicação periférica Desenrola e Não me Enrola e mentor do Você Repórter da Periferia 2.0; Michel Silva, cofundador do Jornal Fala Roça; Osvaldo Lopes, repórter do Fala Roça; Camila Fiuza, do Movimento Mães de Maio do Nordeste; e mediação de Gisele Brito, do Instituto de Referência Negra Peregum.

“Ter ou não banheiros em casa é uma questão de absoluta desigualdade, porque algumas famílias têm muitos banheiros, outras não têm nenhum. Isso tem a ver com acesso a saneamento básico, que é um direito de todo mundo“, ressaltou Gisele Brito, logo no início do debate. A jornalista e coordenadora de projetos do Instituto Peregum também é colaboradora do Periferia em Movimento.

Camila Fiuza cresceu em Cosme de Farias, bairro de Salvador (BA). “Desde criança eu vivi na pele os problemas relacionados ao saneamento, à falta de água, de coleta de esgoto, de lixo e eu acho muito importante a gente debater isso. Nesse ínterim eu passei a fazer parte da rádio comunitária de Cosme de Farias e lá a gente entrevistava pessoas que eram afetadas por essa violação de direitos”, relatou a jornalista.

Histórico de violações

De acordo com Michel Silva, do Fala Roça, a história da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), é marcada pela ausência de infraestrutura. “A luta por saneamento começou com moradores antigos, tem mais ou menos 50, 60 anos. Alguns até já morreram”, informou. Ainda assim, de acordo com dados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2009, havia pelo menos 1,5 mil moradias com ligação sanitária direta no canal de esgoto, sem tratamento. Segundo o último censo produzido pelo IBGE, a Rocinha tem 69 mil habitantes. No entanto, Osvaldo explicou que a estimativa é atualizada é 150 mil, com base em informações de geoprocessamento.

Desde sua fundação, em 2013, o Fala Roça cobre pautas sobre saneamento básico. “Agora estamos sempre pautando baseado em dados, porque é muito difícil falar desse assunto de forma genérica”, explicou Michel. 

O Desenrola e Não me Enrola atua há nove anos no distrito Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo (SP). A sede fica no Centro de Mídia M’Boi Mirim, um espaço de trabalho compartilhado, em que profissionais de comunicação trocam conhecimentos. Para Ronaldo, cofundador do Desenrola, é fundamental aprimorar uma leitura de cidade a partir da periferia. “A gente vem ao longo desse tempo construindo possibilidades de produzir e fazer uma cobertura jornalística que vai trazer debates importantes não só para nossa audiência, mas para pessoas que desconhecem o nosso trabalho e desconhecem a história do seu território” ressaltou. 

Conhecer a história de formação das periferias contribui para compreender as violações relacionadas ao acesso à água e ao saneamento nesses territórios. “Foi por uma urgência que os moradores ocuparam o distrito do Jardim Ângela em busca de moradia quando não tinham direito a ter uma casa. Foi por esse mesmo motivo que o Estado negou uma infraestrutura de saneamento, provocou a poluição dos rios de água límpida que aqui existiam, a morte das nascentes. No processo de construção dos territórios periféricos em São Paulo fica evidente que a chegada dos moradores é também um fechamento de olho do Estado para esses territórios”.

Mulheres à frente da luta por saneamento

Em 2017, durante o processo de apuração de reportagem sobre o contexto histórico do Capão Redondo e do Campo Limpo realizado com organizações parceiras, o Desenrola conheceu a história de movimentos sociais essenciais na luta por saneamento. “Por exemplo, a Carreata das Mães até a Sabesp, que militavam pelo direito ao encanamento do esgoto e da água nas periferias e favelas do distrito do Campo Limpo. Estavam morrendo muitas crianças por conta da contaminação da água do poço pela fossa. As lideranças comunitárias colhiam as demandas e faziam a ponte entre o poder público institucional e o território”, contou.

A mobilização pela carreata atravessou a Represa do Guarapiranga e chegou até o Grajaú. “Se a gente não fizesse um resgate histórico, talvez nunca iria encontrar um arquivo minúsculo de um jornal contando como esse evento aconteceu. Mais importante ainda é pensar qual o imaginário dos moradores desses territórios sobre acesso a água e a saneamento básico. Passa pela cabeça dessas pessoas que essas mulheres existiram para que, minimamente, esse direito fosse garantido?”

“As mulheres foram e são fundamentais. Nos anos 1980, na Rocinha, existiu o grupo Mulheres Voluntárias da Rocinha, que lutavam por melhores condições de vida e contribuíram para que um maior número de moradores, em especial crianças, pudessem ser vacinadas em campanhas de vacinação. Boa parte das lutas que vemos até hoje na comunidade são geradas por mulheres”, contribuiu Osvaldo. 

“Tem uma discussão muito grande no urbanismo sobre o que é uma cidade para mulheres, uma cidade feminista. É só olhar a luta das mulheres nos territórios. Estavam sempre lutando por equipamentos públicos coletivos, por políticas públicas coletivas para a família, de cuidados com a saúde. A gente fica procurando lá no futuro, pensa o urbanismo decolonial feminista e já está sendo feito no dia a dia”, avaliou Gisele. 

Para Ronaldo, o apagamento histórico é parte de uma estratégia para enfraquecimento e desarticulação das populações periféricas. “Faz parte desse instrumento de ‘vamos tomar as decisões por eles sem estarem organizados de uma maneira mais massiva, vamos desarticular essas iniciativas porque essa memória não está sendo preservada’. Aí eu acho que entra um pouco da importância do nosso olhar e do trabalho que a gente vem fazendo. Essas mulheres mudaram a vida de milhões de pessoas. Isso merece a nossa atenção e merece estar nos livros”.

Entre as reportagens que destacam a importância de lideranças comunitárias para as resoluções de problemas nas periferias, Ronaldo relatou a história da Veneza de São Mateus, um rio que corta o distrito. “Ele é totalmente grafitado e são os grafiteiros, a galera do movimento Hip Hop, a galera do Sarau que está tentando fazer a conscientização dos moradores para pensar no descarte de lixo para a poluição desse rio. São os próprios moradores que enxergam seus problemas e estão encontrando soluções criativas, muitas vezes num contexto instalado que poderia se tornar um debate na Câmara de Vereadores, pauta de uma política pública ou até mesmo de uma reunião com pesquisadores de universidades e muitas vezes isso é invisível ou invisibilizado ou desmerecido”.

Pandemia leva a grande mídia às periferias

Embora os coletivos periféricos se debrucem sobre o tema há anos, a falta de saneamento só chamou a atenção da mídia tradicional no início da pandemia da Covid-19. “Quando a Periferia em Movimento se propõe a retratar quais são os nossos direitos, quais não estão chegando, o que a população faz para mudar esse cenário e para reivindicá-los, para apresentar soluções, a gente inevitavelmente acompanha o cenário de acesso à água. A pandemia só escancarou o que a gente já sabia”, retratou Aline. “Para algumas mídias foi novidade contar que não rolava lavar as mãos todos os dias com a água que saía da torneira da casa porque tem dias que água fica mais de 24 horas para marcar presença para o banho, comida, higiene básica”, continuou.

“A gente se fez muitas perguntas sobre o quanto seríamos assistidos nesse cenário pandêmico. A gente foi atrás de entender e, infelizmente, lançou mais 26 perguntas sem respostas sobre atendimento dos nossos direitos. Pautamos essas perguntas, cobrimos e vimos as mídias nos buscando para apoiar, porque as mídias de fora não faziam ideia de como cobrir. Não estou falando só do Periferia em Movimento. Estou falando do Fala Roça, do Desenrola e Não me Enrola, de rádios comunitárias. Há rádios comunitárias fortes em cenários difíceis de acesso às mídias convencionais e que não culpabilizam a quebrada. Pelo contrário, apontam soluções e mostram que somos a parte frágil da história: quem sofre os efeitos, mas promove o mínimo para os grandes efeitos, pensando em meio ambiente e poluição da água”, ressaltou Aline.

O interesse da grande mídia, no entanto, foi pontual. “É interessante como a cobertura da mídia tradicional pautou uma resposta oficial da Sabesp e depois o assunto desapareceu, saiu da agenda, como se tivesse sido resolvido. As denúncias não paravam de chegar na nossa redação. Os articuladores, as lideranças comunitárias não paravam de reclamar que um monte de gente que estava sem água na cidade de São Paulo”, contou Ronaldo, do Desenrola e Não me Enrola. 

O coletivo desenvolveu uma reportagem sobre os impactos da falta de acesso à água durante a pandemia para quem precisava sair de casa diariamente e não tinha como lavar as mãos. “Uma das reportagens da nossa série Direitos Invisíveis buscava entender como a alta taxa de densidade demográfica dos territórios periféricos tinha um impacto significativo. Às vezes tinham 10 ou mais pessoas ocupando uma moradia bem precária”, lembrou o cofundador do Desenrola. 

“Estamos no mesmo propósito de luta por direitos e mostrar que nas nossas quebradas, favelas, nas comunidades ribeirinhas, de aldeia, têm muita solução para os problemas que estamos evidenciando aqui”, concordou Aline.

“De acordo com os dados do IAS, duas em cada dez pessoas não possuem acesso a esgotamento sanitário. Para mim aqui é como se fossem oito em cada dez pessoas, mas é o território onde eu estou. Na pandemia teve pessoas que tiveram muitos problemas porque não tinham um banheiro dentro de casa. O pai de um amigo não tem banheiro dentro de casa e, durante a pandemia, ficou com vários sintomas de covid, ainda bem que não foi”, pontuou Camila. 

Instalação de infraestrutura como argumento para remoções

A população da Rocinha lida com a falta de infraestrutura e com a pressão constante por remoções. “Para a gente ter uma Rocinha mais urbanizada é necessário fazer, na visão do Estado, algumas remoções. Só que dá para realocar os moradores dentro da própria Rocinha. O recurso existe, mas o estado não tem vontade política de fazer essas obras”, criticou Michel. 

“Essa coisa da remoção acontece muito em Salvador também, mas é de uma forma meio maquiada. Por exemplo, a comunidade da Rua da Polêmica passa por diversas violações. Tem umas placas de concreto e você vê a água passando por baixo, vê os moradores sobre aquele mau cheiro, vê ratazana, vê tudo. Para mim isso é uma forma de exclusão, de remover as pessoas daquela região. Porque fica na Avenida Antônio Carlos Magalhães. É perto de shopping, de prédios. É uma comunidade com pessoas empobrecidas, há mais de 30 anos. Quando as pessoas ocuparam aquele espaço, o governo sempre tentou expulsá-las”, relatou Camila. 

Para Gisele, que é mestra em Planejamento Urbano, o argumento de desenvolvimento dos territórios para causar remoções é comum. “Odeio essa expressão ‘área de risco’. Existem áreas mais vulneráveis, mas, para a engenharia, não existe risco permanente, todo o risco é possível de ser mitigado com recursos. Eu sempre cito Perdizes, um bairro bem burguês de São Paulo. Lá tem uma rua chamada Cotoxó que parece um precipício do Papa-Léguas. E ninguém fala que é de risco. Acho importante pensar o quanto a gente é levado a acreditar que uma coisa necessariamente passa por outra, que produzir infraestrutura passa por remover, o quanto isso é feito para nos aprisionar”, avaliou.

Na mira do fuzil

Michel contou que o Estado se omite em relação aos problemas das periferias. “A principal política pública que chega na favela é sempre pela mira do fuzil”, relatou, ao lembrar da chacina da favela de Salgueiro, em São Gonçalo (RJ). “Quando a gente tenta pautar o saneamento básico, esses investimentos públicos sempre são deixados de lado e a segurança pública é pautada em primeiro lugar”, continuou. Michel atua desde 2013 no Fala Roça, jornal da Rocinha, a maior favela do Brasil, localizada no Rio de Janeiro (RJ).

A violência policial é recorrente em comunidades de todo o país. “A gente percebe que, como o Michel falou, quem mora em periferia é muito atravessado por questões policiais. A maioria das pessoas tem algum problema relacionado à segurança pública. Quando a gente é atravessado por esses problemas, às vezes esquece de questionar por que está faltando água. Isso acaba sendo ‘irrelevante’ diante da polícia, de morte, de tiro, de desaparecimentos”, afirmou Camila Fuiza. Sua mãe, Rute Fiuza, fundou o Movimento Mães de Maio do Nordeste após o desaparecimento forçado do filho, em 2014.  “Para quem não sabe, desaparecimento forçado é quando a polícia leva uma pessoa e não dá mais nenhuma notícia, você não sabe o que aconteceu”, explicou Camila. De acordo com a jornalista, o desaparecimento forçado é recorrente em favelas e periferias, sobretudo entre pessoas negras. 

A quebrada e as águas

A Periferia em Movimento surgiu em 2009 com a proposta de fazer jornalismo com retrato ‘de dentro para dentro’ no Grajaú, também na zona sul de São Paulo. A região está às margens da Represa Billings. “A represa está em toda a extensão do Grajaú e a gente também tem próximo a Guarapiranga, que abastece a nossa cidade grandemente. São dois reservatórios gigantescos de água e que nas suas bordas escancara o descaso, porque muitas dessas pessoas que, apesar de morarem ao lado de uma riqueza da natureza que é a água, não tem água na torneira”, detalhou Aline. “A gente sempre retratou essa relação dos grupos artísticos que, por meio da sua arte, do grafite, do teatro, contam suas histórias a partir da sua relação com a represa, de falar das margens”, complementou.

Além de lidar com o paradoxo de morar nas bordas da represa e não ter água encanada, os moradores do Grajaú ainda lidam com a poluição das águas. “Em 2015 a Periferia em Movimento acompanhou um morador de barco na Represa Billings e ele mostrou exatamente o lugar em que a Sabesp, irregularmente, dispensava o esgoto na represa. A Sabesp já tinha dito para moradores que eles tratavam a água antes de despejar, mas o que foi constatado é que ia para a estação de tratamento e os veículos tiravam os excessos, levavam embora. E isso já não acontecia há três anos”, denunciou. 

Camila, que também atua na comunicação do IAS, coletou uma série de vídeos com depoimentos de pessoas da periferia de Salvador e área rural da Bahia que convivem com o desabastecimento de água e falta de coleta de esgoto. Os vídeos estão disponíveis nas redes sociais do Instituto e foram transmitidos durante a roda de conversa.

“Achei super impactante e demonstra muito sobre o quanto essa precariedade com que a gente vive faz a gente demandar coisas que em outros lugares são questionadas. Aqui em São Paulo, por exemplo, tem uma discussão bem grande sobre destapar rios e córregos. São Paulo é uma cidade em que rios e córregos foram canalizados e tapados e isso é entendido por muita gente como um problema ambiental. Diante do caos, a gente quer solução para não entrar na nossa casa”, comentou Gisele.

Segundo Aline, há mais de 300 rios escondidos na capital paulista. “Por consequência, a gente vive um cenário de enchentes constantes, desde o Campo Limpo, inclusive três ruas abaixo, o parque Arariba enche sempre que tem uma chuva mais forte, os comércios alagam. Lá já tem toda uma estrutura, já tem lotérica, já tem aqueles serviços que acabam chegando quando interessa à economia, mas segue alagando e as pessoas perdendo suas casas, seus móveis e tendo que refazer a vida. Assim como na zona leste, onde Ronaldo e eu estamos dialogando com jovens no Jardim Lapena, que relatam também a enchente que a avó viveu, os pais viveram e eles estão vivendo”.

Gisele ressaltou que os bairros com maior investimento em São Paulo, considerados nobres, estão à beira dos rios Tietê e Pinheiros. “A Faria Lima é um dos maiores crimes ambientais. Um rio que corre para o lado contrário, em que foi provocada uma enchente para criar excedente de terra para a Sabesp e para a Light. A gente pensa nesses dois rios, mas em todas as esquinas tem algum rio. Só que as pessoas ricas, as classes médias não veem mais esse rio, então elas têm a sensação de que quem comete crime ambiental é quem está morando perto da Billings, da Guarapiranga, quando na verdade a casa dela está sobre um rio”. 

A Rocinha é um bairro do Rio de Janeiro desde 1993. No entanto, segue sem infraestrutura básica e sua população ainda é estigmatizada quando há alagamentos nos bairros caros que a cercam. “É muito comum, no dia seguinte após uma chuva, manchetes de jornais mostrarem a praia de São Conrado dezenas de lixos e as valas, que são chamadas de línguas negras. E sempre nas capas de jornais vão cobrar: é o lixo da Rocinha. A gente está falando de saneamento básico há 50 anos. Vamos procurar entender um pouco porque isso acontece, porque vai parar nas praias. Se é cansativo para vocês depois da chuva dar essa manchete, é cansativo também para a gente falar, é um direito básico”, apontou Osvaldo. 

“Eu moro na parte mais alta da Rocinha, cercada por Mata Atlântica, Floresta da Tijuca. Desde os anos 1980 tem essa luta, brigadas populares no morro para trazer todo o saneamento, a água encanada. Onde eu moro tem muitas casas que não têm água encanada. O que a gente faz? A gente pega água direto da fonte, das nascentes, a água que passa por baixo da terra. gente que não tem um caninho para tomar banho, ainda toma banho com balde. Não tem o prazer, a sensação de chegar em casa cansado depois de um dia de trabalho e sentir o chuveiro batendo, a água escorrendo”, relatou.

Aline chamou a atenção para a capacidade das populações periféricas para apontar soluções. “Nas quebradas não estão quem causa os problemas. O banheiro seco tem sido usado nas aldeias de Parelheiros, as ocupações que são criminalizadas estão adotando muitos recursos de soluções. O problema de saneamento, de água, de não acesso adequado a um banheiro é de todo mundo. Mesmo que a pessoa tenha o melhor banheiro com banheira e mais de um banheiro em casa, esse problema também é seu. Engana-se quem não percebe que estamos todos influenciando um na vida do outro”, pontuou.

“É urgente que a gente faça uma descentralização dos conhecimentos, dos termos e da presença nos espaços de poder. A gente precisa democratizar mais, diversificar mais a quantidade de pessoas e de onde vem as pessoas que estão debatendo o saneamento. As periferias e favelas de todo o Brasil têm muitas pessoas que estão elaborando e aplicando na prática”, defendeu Ronaldo.

Osvaldo e Michel destacaram a importância de moradores de favelas participarem das discussões sobre os Planos Diretores das cidades. “A participação de moradores de favelas é fundamental para que a gente possa pensar numa cidade mais justa e igualitária”. 

A Roda de Conversa com jornalistas periféricos foi parte do evento Dia Mundial do Banheiro 2021.

Para saber mais detalhes da programação do Dia Mundial do Banheiro 2021 acesse o site diamundialdobanheiro.org.br.