O projeto “Cisternas e Saneamento em escolas do município de Barra (BA)”, vem sendo desenvolvido desde 2018, por meio de parceria entre a Associação Bem-Te-Vi Diversidade e a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA). Por meio dele, está sendo viabilizada a construção de cisternas de 52.000L em 40 escolas da zona rural do Município. Destas, oito receberam também sistemas pilotos de tratamento e reuso de esgoto, baseados em soluções acessíveis e com métodos construtivos definidos em colaboração com os cisterneiros já atuantes junto à ASA. O IAS tem apoiado a iniciativa tanto em âmbitos gerais de planejamento e mobilização, como no estudo, desenvolvimento e implementação das soluções junto aos atores locais.

Esta parceria surgiu para ajudar a aprimorar o processo de replicação de cisternas no semiárido. O projeto busca produzir melhorias que facilitam a captação e o  aproveitamento da água pluvial, implementando sistemas de tratamento e reuso de esgoto de baixo custo. Além dos sistemas estruturais implementados, os esforços incluíram atividades de engajamento e capacitação de atores-chave do município, assim como representantes locais de cada comunidade. O objetivo é fomentar a autonomia local para a extensão das soluções empregadas. 

Articulação para o desenvolvimento local

A iniciativa concluída em 2019 constitui a primeira etapa de um processo de construção de sistemas comunitários de saneamento, incorporando, além do abastecimento de água, soluções locais de manejo de esgoto doméstico. Neste sentido, a água e a escola são elementos-chave para introdução de melhorias nas comunidades: “água”, como necessidade humana básica, e “escola” como espaço comum de convívio e formação. Articular estas demandas para acelerar o desenvolvimento local ajuda a aprofundar o conhecimento sobre as especificidades do território, e, assim, possibilita a definição de soluções mais apropriadas a cada contexto. Com este entendimento, a etapa seguinte prevê a replicação das soluções individuais de esgoto para os domicílios, e a implementação de um sistema de gestão comunitária do saneamento.

“Ao passo que diferentes iniciativas vêm explorando sistemas comunitários de saneamento pelo Brasil, o foco geralmente é dado exclusivamente ao abastecimento de água, sem trazer avanços para o esgotamento sanitário. Neste sentido, a atuação do IAS com projetos pilotos foca no desenvolvimento de sistemas comunitários para ampliar efetivamente o atendimento adequado de esgoto pelo país. Reconhecendo o potencial de sistemas descentralizados e baseados no manejo do lodo fecal para viabilizar o acesso dos serviços aos contextos recorrentemente desassistidos (área rurais, áreas urbanas precárias e pequenos municípios), estes projetos constituem aplicações diretas, ‘no chão’, dos repertórios que vem sendo explorados e sistematizados pela equipe do IAS”, afirma Tomaz Kipnis, coordenador técnico do projeto e líder de programa do IAS.

“O processo de mobilização e engajamento da comunidade como uma etapa do planejamento e execução do projeto foi de suma importância para a sensibilização dos diferentes atores sobre o saneamento integrado, por meio do qual foi implementado um instrumento efetivo para a qualidade de vida. Educadores, gestores públicos e comunitários construíram, junto com a equipe promotora do projeto, uma forma de conviver com o semiárido a partir de uma perspectiva socioambiental, além de uma estratégia para a ampliação do acesso à água e ao saneamento”, completou Mariana Clauzet, da coordenação executiva da iniciativa.

Assim, por meio da atuação local, o projeto incrementou um repertório para alavancar de forma efetiva e eficiente o saneamento pelo Brasil, trazendo, para além de soluções estruturais, uma metodologia simples e replicável. Além de trazer melhorias às comunidades contempladas, ao sistematizar os métodos de diagnóstico, seleção de soluções, desenho dos sistemas e processo construtivos, esta iniciativa pode colaborar com outros projetos e organizações, em direção à universalização do saneamento no país.