Notícias Evento discute soluções para as desigualdades do saneamento no país

Evento discute soluções para as desigualdades do saneamento no país

02 abr 2024

Encontro do FBOMS contou com participação de representantes do Observatório de Governança das Águas, Projeto Saúde e Alegria, Associação Alternativa Terrazul e IAS

02 abr 2024

Mochila filtradora distribuída para famílias ribeirinhas no Pará pelo Projeto Saúde e Alegria (Divulgação)
Mochila filtradora distribuída para famílias ribeirinhas no Pará pelo Projeto Saúde e Alegria (Divulgação)

“Se a gente considerar redes de distribuição, o saneamento é um dos indicadores mais fortes de desigualdade que temos”, afirmou Marussia Whately, diretora-executiva do IAS. Segundo ela, essa desigualdade se dá em diversos níveis: regionais, dentro dos estados e dentro dos próprios municípios. 

E quem são aqueles que não têm acesso? “Basicamente, a população rural, comunidades tradicionais, indígenas e população urbana em situação de vulnerabilidade”, elencou Marussia durante fala no Encontro Mensal do FBOMS (Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais), transmitido no YouTube em 25 de março. “Infelizmente, o que a gente tem hoje é o que tínhamos em 2010. Temos dificuldade de fazer um saneamento que seja de fato inclusivo”. 

O encontro teve como foco os seguintes temas relacionados à água: integridade, sustentabilidade, salubridade e oportunidades para a sociedade na sua gestão. Além de Marussia, participaram Angelo Lima, do Observatório de Governança das Águas, Caetano Scannavino, do Projeto Saúde e Alegria e, na moderação, Pedro Ivo Batista, presidente da Associação Alternativa Terrazul, conselheiro do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e membro da Coordenação do FBOMS.  

Angelo Lima, do Observatório de Governança da Água, enfatizou a necessidade de sistemas de governança das águas que incluam todos os estratos da população. “Se a gente olha para um modelo de gestão descentralizado que abre para a participação da sociedade civil na gestão dos recursos hídricos, temos dificuldades em muitos aspectos, como por exemplo ter a participação da comunidade indígena”, disse. 

Lima ressaltou que é preciso alertar a sociedade brasileira de que “estamos chegando no ponto de não retorno para garantir água potável para o abastecimento humano, especialmente nas regiões metropolitanas”. Lima também ressaltou que bacias em diversas regiões do país podem passar por crises hídricas. “Um dos grandes desafios da gestão dos recursos hídricos é promover a integração com os biomas e com os povos em cada um desses territórios”, afirmou. 

Caetano Scannavino, do Projeto Saúde e Alegria, apontou para o que chama de “contradição amazônica”, onde na maior bacia hidrográfica do planeta, em cima do aquífero de Alter do Chão, o maior do mundo e que poderia abastecer a humanidade com água potável por 250 anos, e ainda assim há comunidades urbanas e rurais que vivem estresse hídrico com impactos na saúde pública. Scannavino relacionou algumas soluções que podem auxiliar nessas situações, algumas delas já sendo implementadas. “Existem muitas soluções de baixo custo e alto e imediato impacto, que já levarão à redução da demanda por assistência médica”, afirmou. 

Depois, Marussia Whately do IAS falou sobre a importância de se trazer soluções adaptadas a cada local. “Não adianta achar que a mesma solução de São Paulo vai servir para Santarém”, pontuou. “O desafio é garantir que essas soluções, respeitando as comunidades, ganhem status de política pública”.

“A revisão do Marco Legal do Saneamento [em 2020] criou uma grande alteração na lei que já existia, basicamente dizendo o seguinte: o Brasil vai ter uma meta de universalizar água e saneamento até 2033, ou seja 90% terão acesso a rede de distribuição e coleta e tratamento de esgoto”, afirmou. 

Marussia observa, no entanto, que as exclusões históricas seguem em aberto. “O que a gente tem visto é que boa parte dessa população que não tem acesso fica de fora: a população de pequenos municípios, a população rural. É um grande desafio atual para trazer aqui para nossa reflexão: como a gente de fato universaliza?”

A diretora-executiva do IAS alertou para a perda de protagonismo dos municípios nos novos desenhos regionais do saneamento. Segundo ela, mecanismos de participação municipal foram praticamente extintos na revisão de 2020. As eleições para prefeito e vereadores marcadas para 2024 abrem oportunidades para a discussão do papel dos municípios no contexto do saneamento.

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