COP30 colocou água no centro das discussões climáticas; IAS participou de painéis no evento
16 dez 2025
Pela primeira vez, Instituto Água e Saneamento envia representantes para a conferência do clima, que teve ampla participação da sociedade civil e de movimentos sociais
16 dez 2025
A importância e simbolismo da COP30, sediada pela primeira vez no Brasil, numa cidade amazônica, foram enormes. O evento realizado em Belém foi também notável pelo total de 56 mil participantes registrados, a segunda maior COP da história de acordo com essa métrica.
Apesar de muito do noticiário ter focado nos problemas logísticos e organizacionais do evento, e da ausência de uma decisão sobre os combustíveis fósseis no texto final da conferência, houve progressos em diversas outras frentes Foi também a primeira COP realizada em um país democrático desde 2021, com ampla participação da sociedade civil e de movimentos sociais.
Pela primeira vez, o IAS (Instituto Água e Saneamento) participou da conferência, enviando dois representantes: Paula Pollini, coordenadora de articulação e incidência; e Eduardo Caetano, coordenador de conhecimento e difusão. Os especialistas do Instituto participaram de mesas onde diferentes recortes da convergência entre água, saneamento e clima foram abordados.
A água foi um tema significativo no evento, a começar pela presença de um Pavilhão da Água para o Clima dentro da Blue Zone, a área da conferência onde aconteceram as negociações oficiais, da Cúpula de Líderes e dos pavilhões nacionais. Nesse espaço, mais de 90 organizações debateram temas como segurança hídrica e adaptação climática.
A água também apareceu como parte de um dos seis eixos temáticos da Agenda de Ação da COP30, que define prioridades práticas e linhas de colaboração global para acelerar a implementação do Acordo de Paris. No eixo “Construção de resiliência em cidades, infraestrutura e água”, a “gestão da água” figura como um dos objetivos listados.
Um dos resultados mais significativos da COP30 foi a adoção formal de um conjunto de indicadores no âmbito do Objetivo Global de Adaptação (OGA ou GGA, na sigla em inglês). A decisão confirma que as Partes concordaram com um anexo de 59 indicadores que abrangem os principais domínios onde os impactos climáticos são sentidos, incluindo o abastecimento de água e o saneamento.
Dessa forma, o abastecimento de água e a resiliência dos sistemas hídricos foram contemplados dentro da estrutura global de adaptação. É um reconhecimento de que os efeitos climáticos impactam principalmente por meio da água — seja pela falta, por inundações, declínio da qualidade ou pressão sobre a infraestrutura.
Onde o IAS esteve
A primeira participação do IAS na COP30 foi no painel “From Madrid to Belém: Advancing Water Resilience through the 2025 High-Level Leaders” (De Madri a Belém: Avançando a Resiliência Hídrica Através dos Líderes de Alto Nível de 2025), organizada pela SWA (Sanitation and Water for All), Agwa (Aliança para Adaptação Global da Água) e o governo da Espanha, em 12 de novembro na Blue Zone.
Precedida por um keynote de Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e atual membro do conselho de liderança da SWA, o encontro teve como objetivo ampliar a visibilidade do pacto como estrutura para o avanço da resiliência hídrica e conseguir a adesão de governos para que o Pacto reflita no planejamento climático nacional.
A mesa contou com Giuseppe Serra Seca Vieira, secretário nacional de Segurança Hídrica (Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional), Ana Paula Fioreze, superintendente de Estudos Hídricos e Socioeconômicos da ANA (Agência Nacional de Água e Saneamento Básico), Kamala Abishova (representante do Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão), Sonja Koepel, Copresidente do Grupo de Especialistas em Água e Mudanças Climáticas da ONU e Secretária da Convenção da Água da Unece (Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa) e Paula Pollini, do Instituto Água e Saneamento.
No dia 14, Paula Pollini fez parte do painel “From Targets and Indicators to Action on the Ground: Implementing the UAE Global Framework for Transformative Climate Resilient Water and Sanitation” (Da definição de metas e indicadores à ação prática: Implementando a Estrutura Global dos Emirados Árabes Unidos para Água e Saneamento Transformadores e Resilientes às Mudanças Climáticas), organizado pela SWA e pela Water Aid. Esta mesa teve como foco a operacionalização da Estrutura dos Emirados Árabes Unidos para a Resiliência Climática Global, acordada na COP28, com forte ênfase nos desafios de implementação, orientações e financiamento.

Dia 18, foi a vez de Eduardo Caetano conduzir o painel “Água que sobra, água que falta – Desafios e Soluções para o Saneamento Resiliente” (foto acima), organizado pelo próprio IAS no espaço da CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo). Na conversa estavam Luiz Fazio, presidente da Biosaneamento, Everton da Silva Oliveira, da Ciclolog, e Malu Barbosa, do Ressuscita São Gonçalo.
No Dia Mundial do Banheiro, em 19 de novembro, aconteceu o painel “Saneamento para quem não tem: O Brasil que não tem banheiro”, uma parceria do IAS com a Funasa (Fundação Nacional da Saúde) e Aesbe (Associação das Empresas Brasileiras de Saneamento). Eduardo Caetano representou o Instituto na conversa com Alexandre Motta, da Funasa, e Sergio Gonçalves, diretor-executivo da Aesbe. O painel abordou a urgência de políticas públicas com foco na universalização do saneamento e os impactos da sua falta na dignidade humana e saúde pública.
Para finalizar, em 20/11, aconteceu a mesa “Saneamento sem Exclusão: Desafios e oportunidades para reduzir os déficits”, realização da CNM (Confederação Nacional dos Municípios). Além de Eduardo Caetano, do IAS, com participações de Alexandre Motta, da Funasa, Marco Lobo, da Superintendência Estadual do IBGE no Pará, Sergio Gonçalves, diretor-executivo da Aesbe, João de Deus e Claudia Lins, da CNM, e Daniel Sombra, pesquisador da UFPA (Universidade Federal do Pará).
A mesa discutiu o atendimento a populações vulnerabilizadas, em especial nas zonas rural e em regiões periféricas. Foi apresentado um projeto de captação de água da chuva que garante segurança hídrica para comunidades tradicionais da Ilha do Combu, parte da iniciativa “Água para Todos”, realizado pela Semas (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade) e Ideflor-Bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará).
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